A cadeia pública de Jaraguá vem sendo manchete em Goiás por sua precariedade, sendo uma obra construída em 1970 para abrigar cerca de 20 presos, porém, a cadeia tem hoje mais de 230 detentos divididos em pouco mais de oito celas.
Na última sexta-feira (27), 20 presos fugiram da unidade prisional após um grupo de pessoas invadirem a cadeia, renderem os vigilantes e resgatar dois homens que haviam sido presos por tráfico de drogas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Fugas constantes na cadeia
As fugas são constantes, incluindo o método de cavar túneis, ação que em menos de 30 dias facilitou a fuga de outros dez detentos da mesma unidade prisional.
Nesta quarta-feira (27), o detento Elimar Moreira Cunha foi morto degolado em uma cela por outros presos, cujas circunstâncias e motivos estão sendo investigados pela Polícia Civil. Nesse caso, o detento William dos Santos Barbosa confessou que foi o autor do crime.
Outro fator que demonstra a falta de segurança na cadeia são materiais apreendidos de forma rotineira dentro das celas, como telefones celulares, drogas e materiais cortantes.
Destruição de equipamento de segurança
Equipamento de monitoramento interno, como um aparelho de Raios-X para a revista de detentos e visitantes foi totalmente queimando em uma ação que ainda está sendo investigada, e que aconteceu dentro da unidade, comprometendo ainda mais a segurança dos detentos e dos próprios agentes de segurança.
O número de agentes de vigilância prisional não atende a demanda pelo número de presos e pela precariedade do espaço físico.
Tanto o Ministério Público de Goiás quanto a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) estão promovendo ações para apurar os casos que ocorrem dentro da cadeia de Jaraguá.
Para o promotor de Justiça, Everaldo Sebastião de Souza, a cadeia pública de Jaraguá “parece ser construída com barro, e cujos agentes de segurança são como soldadinhos de chumbo”, ou seja, não há como promover uma sensação de segurança prisional com tantos problemas a serem administrados com a ausência do Estado nos investimentos no sistema prisional de Goiás.
Construção da nova cadeia
Enquanto isso, a obra da nova cadeia pública no município se arrasta há mais de 10 anos em total abandono, razão pela qual o Ministério Público, o Conselho de Segurança da Comunidade e com o aval da Justiça — já prepara para o recomeço das obras paralisadas, usando recursos de ações penais do MP e remetidas ao Conselho de Segurança, ou seja, os mesmos recursos que foram usados para a construção de uma nova Delegacia de Polícia Civil na comarca.
A morte do detento Elimar Moreira Cunha pode ser o estopim que faltava para que outras instituições de segurança reagissem na busca de soluções realmente efetivas para a melhoria do sistema prisional de Jaraguá.
O próprio Ministério Público de Goiás, em uma nota emitida sobre a fragilidade do sistema de segurança prisional de Goiás, se posicionou para que a instituição elaborasse um parecer sobre as ações do MP voltadas para a melhoria das cadeias públicas do Estado para os anos de 2018 / 2020, sendo esta a meta principal dentro da temática de segurança pública do Estado.