O PSDB fechou o custo total das prévias realizadas no ano passado, que elegeram João Doria como pré-candidato do partido à presidência: 12,2 milhões de reais. Como o processo foi inédito entre os partidos brasileiros, é difícil dizer se o valor foi excessivo ou não. O que se pode afirmar com certeza é que os gastos não trouxeram o lucro político esperado nem para Doria, nem para o PSDB.
O ex-governador de São Paulo não cresceu nas pesquisas de intenção de voto depois de ser escolhido. Sua vitória, além disso, não foi aceita por uma facção do partido, que passou a promover o nome do segundo colocado, o gaúcho Eduardo Leite, como candidato de uma possível aliança com MDB, União Brasil e Cidadania.
Os 12,2 milhões de reais foram gastos da seguinte forma: 4,3 milhões com as campanhas dos três candidatos (além de Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio Neto), incluindo viagens pelo Brasil; 2,6 milhões para o desenvolvimento de um aplicativo de votação (que não funcionou a contento, teve de ser substituído na última hora e certamente acarretou prejuízos); e 5,4 milhões com a organização de um encontro partidário em novembro do ano passado, em Brasília, que reuniu lideranças partidárias de todo o país e encerrou as prévias.
João Doria tem insistido que o resultado das prévias tem de ser honrado. Eduardo Leite e seus apoiadores reclamam nos bastidores que Doria não foi leal durante a campanha e, em público, dizem que se houver de fato uma federação com o Cidadania e uma aliança com MDB e União Brasil, qualquer nome que represente um consenso entre todos os partidos terá legitimidade para concorrer à presidência em nome deles. Nesse cenário, Leite tem vantagem sobre Doria.
Para quem observa de fora, no entanto, começam a surgir indícios de que o PSDB já não está tão interessado assim em disputar o Palácio do Planalto, e não se importaria em abrir caminho para nomes da União Brasil (que tem mais dinheiro) e do MDB (que tem capilaridade nacional), empregando o seu próprio fundo partidário em campanhas para governador, senador e deputado federal. O desfecho da história está marcado para 18 de maio. Nessa data, o “centro democrático” promete apresentar uma candidatura única – e também se saberá de que valeram os 12,2 milhões de reais das prévias tucanas.
O Antagonista