População reage contra o crime e autoridades apresentam soluções

Uma manifestação que mobilizou pelo menos 1.500 pessoas ganhou forças nas redes sociais em Jaraguá e terminou com as autoridades sabatinadas pela população na noite desta terça-feira (3), na Câmara de Vereadores.

População reage contra o crime

Pelo menos dois assassinato ocorrido dentro de uma semana foi o motivador para que a sociedade reagisse e fossem para a Câmara de Vereadores na noite desta terça-feira (3), onde ouviram das autoridades os problemas e as possíveis soluções para a segurança pública em Jaraguá.

A audiência pública foi conduzida pelo juiz Liciomar Fernandes, onde o mesmo deu o direito da palavra para cinco pessoas presentes, onde formularam perguntas aos comandos das Polícias Militar e da Polícia Civil.

Estavam presentes também membros do Ministério Público de Goiás, representado na ocasião pelos promotores Everaldo Sebastião de Souza e Giuliano Lima.

Representando o Poder Judiciário, estavam o juízes Liciomar Fernandes e Everton Pereira Santos.

O assassinato de Lucas Leite e José Robson Rodrigues –, ambas ocorridas em uma mesma semana — revoltou a população que, comovida, organizou um movimento nas redes sociais que terminou em manifestação, e por fim, em audiência pública.

Representando a Polícia Militar, estava o Cel. Barros, do 23º Batalhão, com sede em Goianésia, acompanhado pelo major Allan Alves Araújo e pelo comandante da PM em Jaraguá, major Carlos Augusto.

Manifestação em prol da segurança pública

Esta foi uma das maiores manifestação em prol da segurança pública já realizada no município, com a presença dos comandantes das polícias; com os representantes do Ministério Público; da Justiça; do Poder Legislativo; da Prefeitura; de igrejas e da OAB.

Cada um com suas respostas e até criticas direcionadas, a audiência pública teve como foco principal o atendimento à reivindicação da população por parte das autoridades e dos gestores na área de segurança.

A sociedade apresentou suas queixas e as autoridades responderam cada um ao seu modo, e como podiam.

Nas palavras do comandante da Polícia Militar, Cel. Barros, seria bom que a sociedade reunisse rotineiramente com o comando das forças de segurança para levar suas reivindicações, dizendo que ele também é um cidadão, e que também sente a mesma dor das famílias das vítimas de morte violenta em Jaraguá.

Falta de policiamento ostensivo nas ruas

Barros ouviu da população queixas de falta de policiamento ostensivo nas ruas, principalmente nos bairros, como o Regina Parque, local onde José Robson foi morto na última sexta-feira (30/3), ao fugir de criminosos no portão da casa de sua namorada.

Falha no telefone 190 da PM

Houve também cobrança quanto ao telefone de emergência 190 da PM. Segundo o empresário e advogado Biracy Camargo, o telefone da Polícia Militar funciona de forma precária, sem atendimento a altura do que a população merece, inclusive, na forma em que a população é atendida pelos telefonistas.

Em resposta, o major prometeu melhorias no serviço nas próximas semanas, inclusive, citando apoio do Ministério Público e do Conselho de Segurança da Comunidade na ampliação das linhas telefônicas para o COPOM.

Criticado por operações policiais que estavam apreendendo veículos com o IPVA atrasado, o coronel Barros (foto) disse que sua prioridade é a prisão de criminosos e segurança preventiva, e que a apreensão de veículos faz parte de outro departamento da PM em Goiás, cuja tropa são deslocadas de Goiânia para Jaraguá, e que ele não responde por essa área, disse.

Por sua vez, o promotor de Justiça, Everaldo Sebastião de Souza discorreu sobre os sérios problemas de segurança que ameaça a tranquilidade da população desde quanto ele chegou a Jaraguá, na década de 1990, onde dezenas de reuniões entre o MP e representantes do Governo de Goiás foram realizada em busca de soluções, o que até hoje muitas delas não foram atendidas.

Se houve melhorias, foram por causa de ações promovidas pelo Ministério Público ao longo dos anos, citando como exemplo a construção da nova Delegacia de Polícia Civil e o COPOM, além do projeto em andamento da construção da nova cadeia pública da cidade, que também é de responsabilidade do Governo de Goiás, e cuja obra foi abandonada dentro dos limites do Parque Estadual da Serra de Jaraguá.

Segundo o promotor, há ações movidas por ele e outros promotores ainda tramitando nas instâncias superiores da Justiça, sem data para o parecer final. Na ocasião, Everaldo Sebastião requereu do deputado estadual Nédio Leite (PSDB), presente na audiência, maior empenho junto ao Governo de Goiás pela melhoria da segurança em Jaraguá, como sempre foi requisitado, concluiu.

Para o promotor Giuliano Lima (foto), o problema de segurança pública é complexo, e exige a contribuição de cada um, inclusive, segundo ele, é preciso que os preceitos familiares sejam preservados, cujo pais têm responsabilidade de ensinar aos seus filhos a serem bons cidadãos.

“Crianças sem disciplinas hoje, serão adolescentes infratores amanhã, e futuramente serão criminosos”, concluiu.

Vaiado durante o discurso, o deputado estadual Nédio Leite (PSDB) prestou suas condolências às famílias das vítimas da violência em Jaraguá, alegando que todas eram pessoas próximas a ele.

Segundo o deputado, embora criticado, ele adiantou que há um esforço concentrado junto ao Governo de Goiás para um reforço na segurança pública em Jaraguá, dizendo que em breve a sociedade terá uma resposta das forças de segurança na guerra contra o crime na cidade, pontuou.

Nédio Leite disse que o promotor Everaldo Sebastião faz o papel de acusador, o que lhe é de ofício, porém, segundo ele, há um projeto tramitando na Assembleia Legislativa de Goiás que poderá conceder aumento de 25% no salário dos membros do MP e da Justiça, e que, se o promotor achasse por bem, poderia sugerir que o referido aumento fosse retirado deles e revertido para os policiais, concluiu.

No discurso do delegado de Polícia Civil, Glênio Ricardo, ele alegou que a PC passa por problemas estruturais, ou seja, a Policia Civil de Jaraguá tem apenas dois (2) agentes para investigar os casos de homicídios e outros crimes, número insuficiente, disse.

Ao citar os assassinatos ocorridos nos últimos dias, o delegado informou que está trabalhando para esclarecê-los, não só estes, mas também outros casos que estão em investigação. Glênio Ricardo disse aos presentes, que esteve nos locais de crimes ocorridos recentemente, algo que ele sempre faz, ou seja, fazendo o possível para coletar qualquer informação que possa ajudar nas investigações.

O delegado pediu ainda apoio da comunidade nas informações que possam contribuir com a investigação criminal, assegurando o sigilo das informações e sua importância no trabalho da polícia.

Após ouvir todas as autoridades presentes, o juiz Liciomar Fernandes disse para a sociedade que houve uma reunião entre o Poder Judiciário, Ministério Público e comando maior da Polícia Militar e Civil no sentido de buscar soluções em curto e médio prazo para Jaraguá.

O magistrado disse que irá propor, juntamente com os juízes da comarca e as promotorias, que o Governo de Goiás distribua parte dos policiais civis de Goianésia para Jaraguá, momento em que foi aplaudido pelo povo.

Uma das informações proferidas pelo juiz dava conta, sem muitos detalhes, de uma força de inteligência para investigar os crimes que vêm acontecendo em Jaraguá, uma espécie de “força-tarefa”, que também foi confirmada pelo deputado estadual Nédio Leite, que não revelou mais detalhes para não atrapalhar as autoridades policiais.